A pornografia refere-se ao gênero e ao material que contém e reproduz sob qualquer formato (gráfico ou visual) atos ou relações sexuais de tipo explícito com o objetivo de despertar o interesse, excitação e estimulação sexual do espectador ou leitor. O consumo de pornografia pode, de fato, ser benéfico para a vida sexual de uma pessoa, como pode também ter o efeito reverso. Esse efeito negativo está em maior evidência nos dias atuais e isso se explica por um conjunto de fatores:
- A questão da moral religiosa: quando existe uma pregação ferrenha por moralidade, principalmente no âmbito religioso, você acaba criando uma legião de "tarados". O pastor brasileiro, Caio Fábio, deixa bem claro que "uma sociedade que só introjeta pecado vai produzir só tarados" e isso é validado pela própria psicologia;
- O sistema atual - o capitalismo - gera uma necessidade de vícios (entre drogas e outros) às pessoas para que estas busquem neles efeitos para amenizar a pressão da exploração - jornadas de trabalhos estressantes, baixa remuneração, endividamento, problemas familiares, pressões em grande escala, etc.;
- A atuação do capitalismo no setor pornográfico tem um peso decisivo para isso. Além da maneira a qual esses materiais pornográficos são produzidos, incluindo abusos e situações que beiram o bizarro, existe toda a "venda" de padrões que não se encaixam na maioria da população: corpos perfeitos, peitos siliconados, pênis com tamanho muito acima da média, etc. Todos esses fatores acabam por poder gerar uma diminuição da autoestima e/ou o aumento das exigências (físicas e comportamentais) de uma pessoa para com seus parceiros sexuais. Há de se considerar também que é nesse conteúdo que muitas pessoas enxergam uma maneira de saciar suas fantasias e pensamentos sádicos, o que de certa forma contribui para tal dependência.
Segundo o estudo do urologista italiano Carlo Foresta, publicado na revista Psyhology Today, pelo menos 70% dos jovens que procuram tratamento para problemas de desempenho sexual admitem ser consumidores habituais de pornografia na Internet.
Créditos da imagem: Grupo Violes |
Tudo que foi abordado até aqui tem por objetivo esclarecer que o GRANDE PROBLEMA que vivemos atualmente não é a pornografia em si, mas sim a Indústria Pornográfica e a maneira a qual ela produz e vende seus materiais. Com o avanço da era digital, cada vez mais pessoas estão possuindo acesso a esse tipo de material, que pode ser encontrado facilmente de maneira gratuita em milhares de sites espalhados pela rede, já que estes sites encontram nos anúncios de publicidade uma nova maneira de obter lucros, assim como acontece com filmes de qualquer espécie. E a pornografia é a responsável por 25% das pesquisas feitas em ferramentas de busca, como o Google. Ou seja, a tendência é só piorar.
Agora vamos elencar alguns dados extremamente preocupantes sobre a Indústria Pornográfica:
- 89% do conteúdo pornográfico do mundo são produzidos nos EUA;
- A pornografia virtual gera por ano, só nos EUA, um faturamento médio de quase 7 bilhões de reais;
- Alto índice de depressão e suicídio entre as estrelas do mundo pornô;
- Alta incidência de DST's entre as estrelas pornôs, principalmente AIDS, gonorreia, clamídia e sífilis;
- Performances pornográficas experienciam uma chance maior de infecção (20%) do que entre o público geral (2,4%);
- Desde 2003, 228 estrelas pornôs morreram por ocorrência de suicídios, DST's, homicídios e drogas;
- A expectativa de vida de uma estrela pornô é de apenas 36 anos;
- Uma recente análise dos 50 filmes adultos mais vendidos revela que, entre todas as cenas: 48% de 304 cenas contêm agressões verbais, enquanto mais de 88% contêm agressões físicas. Destes, 94% as agressões são cometidas contra mulheres;
- A número de casos de pornografia e abuso infantil vem crescendo exponencialmente nos últimos anos;
- Na encontro de 2003 da American Academy of Matrimonial Lawyers, em uma coleta de dados feita pelos advogados de divórcio da nação, os participantes revelaram que 58% de seus divórcios foram resultado do acesso excessivo por uma das partes à pornografia online.
Tendo esses dados, fica impossível negar o quão negativa e nociva a indústria pornográfica é para a sociedade - tanto para quem trabalha nessas produções, como para quem consome. Agora abordaremos outras questões relacionadas que são pertinentes.
Temos que combater os consumidores de pornografia?
Primeiro, que tipo de combate é esse? É bom lembrar que uma abordagem adequada é essencial e que a palavra certa não é "combate", mas sim "conscientização" da população como um todo. Ser agressivo ou fazer uma abordagem "religiosa" do tema, além de não conscientizar ninguém, não passa qualquer credibilidade. O que tem de ser combatida é a indústria pornográfica, assim como o capitalismo como um todo. A ideia de culpabilizar os indivíduos é tão bizarra quanto culpar os trabalhadores pela sua exploração pela burguesia. Fatores como a alienação, seja de ordem religiosa, social ou consumista, e os impactos que o sistema burguês causa às pessoas não podem ser desconsiderados.
Qualquer tipo de pornografia deve ser combatida?
Obviamente que não. Como já abordei no texto, a maior crítica é à indústria pornográfica com seus sérios danos tanto para as estrelas pornôs quanto para a sociedade como um todo. Trocas de fotos ou até mesmo vídeos caseiros consensuais e envolvendo adultos podem ser feitas normalmente, com devida cautela, devido a fatores como revengeporn, vazamentos, etc., que podem causar danos pessoais futuros. Contos, desenhos ou até mesmo fotos e vídeos eróticos executados fora da indústria pornográfica e de maneira artística também não são problemáticos. Essas formas de pornografia pode inclusive trazer efeitos benéficos aos seus consumidores. Isso não isenta totalmente qualquer possibilidade de ocasionar problemas, como a impotência sexual. O importante é ter consciência e consultar um médico para avaliação caso a pessoa veja que isso está lhe fazendo mal de alguma maneira.
O que não podemos é sair de um extremo liberal e ir para um extremo conservador e irracional a ponto de querer julgar toda e qualquer pornografia como "errada" e condenar todo mundo que pratica a masturbação. Além de ilógico, esse tipo de moralismo causa o efeito mola, como já abordado no trecho "uma sociedade que só introjeta pecado, forma uma legião de tarados". O ser humano é um animal com instintos e libido sexual e não adianta querer lutar contra isso.
Vale salientar que muitas pessoas solteiras possuem na masturbação uma alternativa pertinente para a saciar seu libido, uma vez que a prática de sexo casual com desconhecidos oferece riscos às mesmas.
Os atores e atrizes pornôs fazem isso porque querem e gostam
Típico reducionismo liberal que eu sei que teria, por isso mesmo já indexo ao artigo.
Sabemos que não é bem assim: não gostamos de fazer algo, partimos para outro! A realidade capitalista é bem mais decadente do que o senso comum pode observar. Salários mais volumosos (o que pode ficar apenas na promessa) e a promessa de uma vida mais confortável em mundo onde sua liberdade depende diretamente do capital que possui, acaba atraindo e iludindo muita gente. Em praticamente todas as áreas, especialmente naquelas onde se paga mais, temos uma maioria que detesta fazer o que faz e só o faz por conta do dinheiro mesmo. E não é apenas a alienação do capital que entra em jogo, mas também toda uma questão social, de como e em que realidade a pessoa foi criada, o seu estado psicológico, uso de drogas, etc.
E se a pessoa gosta do que faz? Se a pessoa é abusada, tratada como lixo e ainda é exposta a um risco iminente de DST's, dificilmente ela vai gostar do que faz. Aí entram duas questões: a mente humana, que é deveras complexa, como podemos observar casos onde vítimas se apaixonam por seu sequestrador ou torturador; e ignorar que praticamente toda regra tem sua exceção, pois quando falamos que a indústria pornográfica é nociva, falamos de maneira geral. Não me arrisco a dizer que não exista alguma produtora séria, que não seja adepta de abusos e que tenha toda uma preocupação com a saúde de seus atores. Deve existir sim, mas lembremos que a exceção não é regra. E como sabemos que é exceção? É só voltar e observar os dados apresentados anteriormente ou até mesmo buscar mais afundo em outras fontes.
E se a pessoa gosta do que faz? Se a pessoa é abusada, tratada como lixo e ainda é exposta a um risco iminente de DST's, dificilmente ela vai gostar do que faz. Aí entram duas questões: a mente humana, que é deveras complexa, como podemos observar casos onde vítimas se apaixonam por seu sequestrador ou torturador; e ignorar que praticamente toda regra tem sua exceção, pois quando falamos que a indústria pornográfica é nociva, falamos de maneira geral. Não me arrisco a dizer que não exista alguma produtora séria, que não seja adepta de abusos e que tenha toda uma preocupação com a saúde de seus atores. Deve existir sim, mas lembremos que a exceção não é regra. E como sabemos que é exceção? É só voltar e observar os dados apresentados anteriormente ou até mesmo buscar mais afundo em outras fontes.
Links úteis e referências:
Pornografia: A rica indústria que promove pedofilia, estupro e exploração sexual, por Clécio Pereira (o artigo possui outros links pertinentes);
Pornografia na Antiguidade: Parte 1, Parte 2, Parte 3, Parte 4 (como o áudio está em inglês, não sei sobre o conteúdo teórico destes vídeos, mas recomendo pela experiência visual).
Nenhum comentário:
Postar um comentário